Song information On this page you can find the lyrics of the song A Melhor Rima de Sempre, artist - Orelha Negra. Album song Mixtape, in the genre Рэп и хип-хоп
Date of issue: 17.04.2011
Record label: Orelha Negra
Song language: Portuguese
A Melhor Rima de Sempre |
Eu era um puto já todo hiphopiano |
24 horas a ouvir rap como um insano |
Ouvia desde Raekwon a Master Ace, Pass One |
Melo D, Abonda, Big Pun, Bahamadia. |
Hum. também queria ser um rapper |
E por outros rappers a gritar Mamamia. |
Mas fiquei logo desencorajado |
Quando Marinho passou na radio aquela maqueta de mafilia |
Dealema e Ace na mesma faixa |
Trazer aquela cena que racha |
Rima suprema que esborracha bro |
Manos traziam eloquência nunca antes vista |
Era um novo tipo de liricistas com a escrita vanguardista |
Achava que nunca ia chegar aquele nível |
Seria mais um invisível |
Nunca seria protagonista |
Depois disso ainda fui ao Johnny Guitar |
Ver uns niggas a rimar |
E lá vi o Nigga War e os Next |
Fiquei perplexo |
War tinha um flow possesso |
E os Next cuspiam versos com a energia de Das EFX… |
Ainda havia o Boss |
Com a rima causava hipnose |
Sunrise do flow complexo rimava tipo um T. Rex |
Como é que eu ia brilhar no meio de tantos monstros… |
Conseguir fazer o estrondo e ter sucesso com os meus raps? |
Mas tu disses-te que um grande homem não esmereçe |
E pa eu acreditar na tese que é na fé que esta o progresso |
Disseste-me |
Para eu ter auto-estima |
E ser persistente |
Porque eu ainda iria fazer a melhor rima de sempre. |
Comecei a escrever rimas de forma alucinante |
Com a fé incessante que um dia seria predominante. |
Conheci o Sam |
Fazia maquetas e jams |
Em casa dele com o Black Master, Master Pula e o S.A.M. |
Largava umas bombas mas ainda cheirava a leite. |
Mesmo assim o BomberJack convidou-me para as mixtapes. |
Cuspia com fome em cada mix |
Obelix do microfone era o ciclone |
Valete com o rap matrix. |
O meu nome espalhou-se de Monção a Portimão |
Eu trouxe aquele rap habilidoso |
Que causava a sensação. |
Mas muitos diziam que Valete era muito incompleto |
Que eu só tinha flow |
Que o meu rap não tinha intelecto |
O que é que eles queriam? |
Que eu fosse Alexandre Herculano? |
Que eu fosse um grande carola? |
Cuspisse knowledge com 17 anos? |
Ai tu disseste-me para não ligar as criticas |
Porque isso só me ia causar danos |
E afectaria todos os meus planos |
Criamos canal 115 |
Rimas em série. |
Eramos Jery, Gary Lineker |
Cuspíamos intempéries |
Convidaram-nos para uma actuação em Almada |
Nós e os Next ia ser lotação esgotada |
Tava la toda a gente do movimento |
Desde manos de Benavente |
Até acho que manos de Lousada |
Era talvez o nosso concerto mais importante |
Ensaiámos quase um mês ia ser carga pesada |
Concerto falhado |
Eu destroçado |
E as ruas a dizer que os Next tinham fuzilado. |
Entrou o ano de 99 |
Hiphop cresceu mais |
Black Company e Boss já eram grupos transversais. |
Dealema e Sunrise tinham o culto de imortais |
Micro e Sam batiam até em vivendas de Cascais |
Mind da Gap já rebentava em festivais |
Chullage e Xeg na altura eram as promessas nacionais |
Já ninguém falava de Valete |
Estava desconsiderado e desprezado como um wack. |
Sem auto-estima |
Larguei as rimas |
Larguei a paixão que alimentava a minha rotina. |
Sempre que te ouvia a rimar eu recordava |
Sempre que ouvia uma batida, amargurava |
Sempre que ouvia uma musica minha chorava |
Quase dois anos longe daquilo que mais amava. |
Ai tu disseste-me de forma dolorido |
Que sem o rap eu nunca teria uma vida |
Sem o rap seria uma alma obscurecida |
Perdida nos traumas e derrotas sofridas |
Disseste-me |
Que o meu destino era ser um MC influente |
E que eu ainda iria fazer a melhor rima de sempre… |
Voltei as barras em maio de 2001 |
Ainda eram ensaios de escarra |
Para rappers era sayonara. |
Decidi lançar um CD |
E ser o MC do R.A.P que narra tudo aquilo que a TV mascara |
Gravei Educação visual com dinheiro emprestado |
Do meu nigga Vado, Sam, BomberJack e do Cruzado |
O álbum saiu em Setembro de 2002 |
Impacto tremendo |
Ainda me lembro como se fosse hoje. |
Recebia props de todo o movimento hiphop |
Portugal, Macau, Brasil |
Principalmente os PALOPS. |
2006 lançei Serviço Publico |
E o Blitz e o publico chamaram-me novo rei do anti-pop. |
Milhões de audições no MySpace e Youtube |
Sem rádios nem televisões |
Sem nunca vender o cu. |
2008 tive uma proposta de angola |
Para bulir numa grande empresa |
Ganhar por mês 10.000 dollares. |
Seria auditor das fabricas de Luanda e Huambo |
E assessor do director da fabrica de Kuando Kubango. |
Trabalharia horas infinitas |
Já não teria mais tempo para a escrita. |
Mas era muita guita |
Podia ficar com a vida resolvida e dar um casarão a minha mãe. |
Ai tu disseste-me que eu tinha uma missão |
Que era dar instrução as ruas e espalhar informação. |
Disseste-me que eu não podia abandonar o movimento |
Porque eu ainda iria fazer a melhor rima de sempre… |
Fiquei apavorado quando me disseste que já não ias rimar mais |
Já não ias cuspir instrumentais |
Que ias seguir a vida dos iguais. |
Agora vejo-te a trabalhar 12 horas por dia |
Nesse trabalho que te explora |
E devora a tua alegria. |
Já não tens tempo pa quase nada |
O pouco que tens é para a tua avó adoentada |
E para a tua namorada. |
Amanha vais fazer um filho |
E vais seguir o trilho dos que deixaram a vida hipotecada. |
O teu nome ainda é enorme nas ruas |
Cospes rap com o uniforme da verborreia mais crua. |
Adamastor |
Todos adoram |
Todos imploram |
Pelas tuas rimas que as ruas condecoram. |
Sem o rap nunca terás uma vida mano |
Sem o rap serás uma alma obscurecida. |
E não tens forma de deixar o movimento |
Porque ainda tens de vir fazer a melhor rima de sempre… |