Song information On this page you can find the lyrics of the song O Enjeitado, artist - Cristina Branco. Album song O Descobridor - Cristina Branco Canta Slauerhoff, in the genre Латиноамериканская музыка
Date of issue: 10.11.2002
Record label: Decca Records France
Song language: Portuguese
O Enjeitado(original) |
No fundo, sinto-me apodrecer |
Agora sei onde e de quê irei morrer: |
À beira do Tejo, de suas margens |
Macilentas e inclinadas |
Nada é mais belo e triste |
E a existência sublime e lenta |
De tarde vagueio pelos prados |
E à noite ouço o queixume dos fados |
Até romper a madrugada |
— «A vida é imensa tristura» — |
E logo sinto as amarras desse mal |
Que no tempo aguarda fatal |
São as varinas quem canta o fado |
E os entes que já nada esperam |
-«Mais um copo pra esquecer" — |
Deixam-no desamparado |
Ecoando por becos e vielas |
Num silêncio que consente |
Um deles ouvi cantar |
E minha frieza tornou-se em pesar: |
«Nada me consola além da dor |
A vida não conhece o perdão |
Mais não tenho que este meu fado |
P’ra me encher a noite, sem amor.» |
No fundo, sinto-me apodrecer; |
Aqui, de nada serve morrer |
Onde tudo se perde na volúpia da dor: |
Lisboa, outrora cidade das cidades |
Arrasta o passado no presente |
E vê nas ruínas uma glória que mente |
Por essa miragem me encantei; |
Também eu descobri e conquistei |
Para afinal, de tudo ser perdedor |
Morrendo na lentidão da corrente |
Junto à campa do mais nobre |
Dos sonhos: «tudo é dor» |
(translation) |
Deep down, I feel myself rotting |
Now I know where and from what I will die: |
On the edge of the Tagus, on its banks |
Pale and slanted |
Nothing is more beautiful and sad |
And the sublime and slow existence |
In the afternoon I wander through the meadows |
And at night I hear the complaining of the fados |
Until the dawn breaks |
— «Life is immense sadness» — |
And soon I feel the bonds of this evil |
That in time awaits fatal |
It is the varinas who sing the fado |
And entities that no longer expect anything |
-«One more glass to forget about" — |
leave you helpless |
Echoing through alleys and alleys |
In a silence that consents |
One of them I heard singing |
And my coldness became regret: |
«Nothing comforts me but the pain |
Life does not know forgiveness |
But I don't have this fado of mine |
To fill the night, without love.” |
Deep down, I feel myself rotting; |
Here, dying is useless |
Where everything is lost in the voluptuousness of the pain: |
Lisbon, once a city of cities |
Drag the past into the present |
And sees in the ruins a glory that lies |
I was enchanted by this mirage; |
I also discovered and conquered |
To be a loser after all |
Dying in the slowness of the current |
Next to the grave of the noblest |
From the dreams: «everything is pain» |