| O Rap é preto, eu sei meu mero lugar
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| Já que eu sou branco, me deixa no banco, espero pra jogar
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| Mas se me botar em campo, eu não passo em branco, altero o placar
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| O time dos bico desbanco e viro titular
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| Não quero me gabar, mas sou o branco mais faixa preta
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| Quer saber por que a rapa me acha treta?
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| Presta atenção em cada faixa e letra
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| Mesmo eu não vindo do gueto
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| Quando eu pego a caneta
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| Não tô pela grana preta, mas tô pelo povo preto
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| Em prol da igualdade
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| Também quero a evolução da sociedade, sem vaidade
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| Pretos no topo, mulheres na frente da tropa
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| Precisamos de representatividade, mais do que de outra Copa
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| Hexa, Hepta, Octa
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| E 14 milhões de analfabetos pra mostrar onde nosso enfoque tá
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| Sociedade hipócrita, opta
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| Por apoiar um ladrão no poder e não entender que isso é um golpe, tá?
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| Hip-Hop tá de volta na mesma revolta, no beat pesado e ligado nos ideais
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| Uns tão pelo novo, outros pelo povo, outros pelo em ovo
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| Falando merda pra se aparecer pelas redes sociais
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| Essa galera que fala demais e não faz pelo outro
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| Enquanto uns brigam pelas redes, outros não têm nem rede de esgoto
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| Mas pera um pouco
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| Se é bola na rede, ninguém mais reclama da rede de corrupção
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| E aumenta a inflação e a população que se fode de novo
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| Salário é mixaria, se aposentar é utopia
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| Mas chegar na velhice já é lucro pra quem vive na periferia
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| Eu preferia tomar um 7 a 1 todo dia
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| Do que ver esses 171 roubando nossa aposentadoria
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| Amo futebol, mas futebol não paga conta
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| E o nosso time tá levando lavada e tomando gol contra
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| Muitos metem mala e flow
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| Brazza e Rashid é só gol de letra
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| Pique Ronaldinho, especialista na caneta!
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| Meu papo é reto igual meu procedê
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| Pro cê vê, a mágica de conceber
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| Poesia que lembra a história preta ao suceder
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| E cê nem lembra a última vez que cê comprou CD
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| Novos tempos, novos templos
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| Somos exceções antes de exemplos
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| Capiche? |
| Eu num mato MC’s, eu prefiro inspirá-los
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| Como o punho cerrado de Tommie Smith e John Carlos
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| Pobre, preto, pardo
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| Brasil com P tipo G.O.G, filho bastardo
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| Vê? |
| Num tardo em ser petardo, muita treta
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| Pra ser na rua o que os cara tenta ser nas letra (aê)
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| Referência num é cópia
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| E quem num respeita a história alheia, acaba borrando a sua própria
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| Desentope a mente
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| Antes que isso vire um jogo de serpente, tipo o do celular da Nokia
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| Daqui a Tokyo
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| Seu sonho? |
| Toque-o
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| Dinheiro? |
| Ópio
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| Mas quero, óbvio
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| Nesse ar impróprio, respiro sóbrio
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| Pensando: Não deixe que ego dope-o
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| Passando conhecimento tipo Adinkra
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| Usando a tinta
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| Podia só falar sobre eu em todo canto onde ponho a voz
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| Mas prefiro botar meu eu numa soma onde dê nós |