| Yo soy americano, latino pero americano |
| Filho do fardo escrito por Eduardo Galeano |
| As veias abertas da América Latina |
| A mercê dos interesses da América de cima |
| Banquete para as aves de rapina |
| Que deixaram a miséria e levaram sua matéria prima |
| Sua sina, mão de obra campesina barata |
| Serviçal das minas de prata |
| Zapateca, Potossi, febre do ouro frenesi |
| Seu tesouro Inca, Maia, Asteca, Tupi |
| Nascemos pra servir |
| O regime escravagista mais duradouro foi por aqui |
| Quem te descobre te descobre |
| Levaram todo seu cobre e quem é que cobre esse rombo? |
| Pergunta pro Colombo |
| O que resta é só o escombro da história que te assombra |
| Só a sombra do passado que ainda carrega em teu ombro |
| Gracias a la vida, que ha quitado tanto |
| Pero aún que resta el canto |
| Y se me cayo me llevanto |
| Quem descobriu Brasil não foi Portugal |
| Índios já viviam aqui irmão, muito antes de Cabral |
| Mas sua herança cultural |
| Foi dizimada pelas garras sedentas da matança colonial |
| E os mais americanos dentre nós |
| Nunca tiveram voz |
| Pois a história foi contada pelos vencedores |
| Portugueses e Espanhóis |
| Que fizeram questão |
| De transformar os assassinos em Heróis |
| Mas não seria Hernán Cortés um algoz? E Fernando Pizarro? |
| Não seria o verdadeiro herói Tupac Amaru? |
| No leito e sem amparo, o maior genocídio da história |
| Nunca teve direito a reparo |
| Eu sou um storyteller |
| Mas a minha história nunca vai virar um best seller |
| Pois o que eles querem são histórias de sucesso |
| E sucesso pra eles são as histórias do Rockfeller |
| Dinheiro sem critério, levam nosso minério |
| A nossa pobreza trás riqueza para seu império |
| Problema sério, o nosso solo é fértil |
| Mas nossa economia é estéril |
| E ainda é um mistério, os que antes vinham de caravelas |
| Chegam hoje pelo espaço aéreo |
| Até marítimo e a colonização segue seu ritmo |
| Tomadas pelas forças do outro lado do hemisfério |
| Efeito deletério corrompeu nossa terra |
| Esvaziou nosso cofre e encheu nosso cemitério |
| Mas pra cada Joaquim José da Silva Xavier |
| Ainda existe um Joaquim Silvério |
| Gracias a la vida, que ha quitado tanto |
| Pero aún que resta el canto |
| Y se me cayo me llevanto |
| América Latina sua sina es luchar |
| Su estória es um grito a clamar por libertad |