Song information On this page you can find the lyrics of the song Depósito Dos Rejeitados, artist - Eduardo
Date of issue: 09.08.2017
Song language: Portuguese
Depósito Dos Rejeitados |
Quem sabe se eu tivesse menos melanina\nOu se eu fosse um exemplar da espécie canina\nAtenderia de A a Z todos os requisitos\nPra ter no registro o nome de pais adotivos\nHá sete anos vegeto no depósito dos rejeitados\nDesde que me encontraram dentro de um saco plástico\nMesmo sem alimentar balística com famas\nFui condenando aos traumas do abandono de incapaz\nNão estou incluso nos dados sobre o adotado pretendido\nO X é na cor branca e no cabelo liso\nO casal de boy não quer ta no restaurante jantando\nCom polícia colando, achando que é seqüestro relâmpago\nDe no shopping explicar pro segurança seguindo\n«O menino negro ta comigo, não é bandido é meu filho»\nNo máximo eu consigo ser apadrinhado\nPor um doador que dá pra ong alguns centavos\nPro bebe loiro é adoção direito a infância\nPro negrinho um colaborador mensal à distância\nO meu perfil afro só é da hora pra elite\nEm companhia da Madonna ou do Brad Pitt\nSó sirvo pra ser o anexado no projeto\nQue angaria verba pública no congresso\nNinguém se importa se eu me cubro com farinha de trigo\nTentando me clarear pra atender racista rico\nEu me sinto um produto descartável\nDesprezado no depósito dos rejeitados\nEsperando alguém pra chamar de pai\nEsperando alguém pra chamar de mãe'\nPelo eca meu martírio tinha que ser temporário\nNão a porra de um vitalício calvário\nEm média em um ano um vira-lata\nDeixa o instituto de zoonose e ganha uma casa\nA sociedade se preocupa com o bem estar de cachorro\nMas que se foda se o preterido aqui ta vivo ou morto\nQue se foda se ele ta nutrido, sente frio\nSe ta fazendo curso preparatório pra fuzil\nCansei de ver as Pajero se afastando do jardim\nLevando aqueles que chegaram bem depois de mim\nTalvez minha mãe era outra adolescente grávida\nEngrossando a estatística vergonhosa da pátria\nOutra de libido sexual despertado pela televisão\nQue põe criança no pancadão descendo até o chão\nPra deixar de ser um produto na gôndola empoeirando\nJá quis pular do telhado e espatifar meu crânio\nÉ foda só saber o que é higiene, carinho, sorriso\nQuando um promotor de justiça visita o abrigo\nPro alvará de funcionamento não ser cassado\nNessa data dão banho, perfumam, até dão afago\nQue que adianta parede com desenho do momento\nPra quem é um número da instituição de recolhimento\nPra quem que se igual o michael não se despigmentar\nNunca vai ta no carro, no adesivo familiar\nEu me sinto um produto descartável\nDesprezado no depósito dos rejeitados\nEsperando alguém pra chamar de pai\nEsperando alguém pra chamar de mãe '\nNão vou ser outro menor carente brasileiro\nQue foi livrado da contenção por um casal estrangeiro\nQue com a vida estabilizada adulto retorna\nPra conhecer e ouvir resposta da família biológica\nSou candidato a ta na crackolândia com a pele marcada\nPelo selo de qualidade da fundação casa\nQuem não recebe um sobrenome no rg\nGanha artigos 121 no dvc\nAntes queria a família do comercial de margarina\nAgora quero vitima pondo sangue pelas narinas\nDe tanto ouvir que lindo mais prefiro o outro\nÉ só ver playboy que eu quero cerrar pescoço\nMano, a criança no reformatório ou prostituída\nÉ conseqüência das noites regadas a bebida\nA mina que depois de gozar você mete o pé no rabo\nPode carregar no ventre o próximo desamparado\nVocê deu sorte se teve um pai pra te buscar na escola\nPra te por no ombro te ensinar joga bola\nUma mãe corrigindo sua lição de casa\nMedindo sua febre, ajudando na tabuada\nSó sabe quem nunca teve uma família\nQue ela vale muito mais que mil mansões com mobílias\nDaria contente o meu último suspiro\nSe um dia ouvisse a frase: Eu te amo filho\nEu me sinto um produto descartável\nDesprezado no depósito dos rejeitados\nEsperando alguém pra chamar de pai\nEsperando alguém pra chamar de mãe |